TEXTO
AUREO
“E houve um
grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas.” At 5.11
Comentarista:
Pastor Dr. Abner de Cássio Ferreira
VERDADE
APLICADA
Deus conhece o
interior da alma de cada ser humano, Ele jamais é injusto. Quando age com
juízo, é porque viu o que nenhum de nós poderia ter visto. Deus vê o coração.
OBJETIVOS
DA LIÇÃO
• Alertar a
Igreja quanto aos ardis de Satanás e frisar a importância do discernimento
espiritual;
• Falar sobre a
cultura orgulhosa e materialista do primeiro século, e a transformação
produzida pelo Espírito Santo;
• Apresentar
como o juízo pode surgir em meio à graça e o temor produzido pelo julgamento
divino.
TEXTOS
DE REFERÊNCIA
At 5.3 - Disse
então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses
ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?
At 5.4 -
Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que
formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
At 5.5 - E
Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre
todos os que isto ouviram.
At 5.9 - Então
Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o
Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e
também te levarão a ti.
O juízo sobre a
vida de Ananias e Safira nos ensina que ninguém deve brincar com o Espírito
Santo, nem deixar de levar a sério a importância de se dizer a verdade
Introdução
Corremos grandes
riscos quando tentamos aparentar ser o que não somos. Tal ação é denominada
hipocrisia. É a dissimulação deliberada. É a tentativa de fazer as pessoas
acreditarem que somos mais espirituais do que somos. É preciso entender a
diferença entre fazer para atender uma imposição e fazer para atender os
desígnios divinos.
1.
A graça é interrompida pelo juízo
Em tempos de
grande avivamento, Satanás encontrou um meio de se infiltrar e lançar uma
semente maligna na Igreja, para manchar sua credibilidade e conter seu avanço.
Analisemos como nasceu o desejo desse casal, a providência divina e a sentença
profética de Pedro.
1.1.
Ananias e Safira
Lucas faz
questão de relatar a oferta de Barnabé antes da oferta de Ananias e Safira (At
4.36, 37). Seu intento é mostrar a motivação do casal, os quais buscavam
reconhecimento entre os apóstolos. Ananias e Safira foram instigados por
Satanás a buscarem glória humana e, tomados pelo orgulho, cederam e planejaram
uma estratégia (At 5.3). Satanás sabe que não pode destruir a Igreja, por isso,
tenta misturá-la, para faze-la perder a credibilidade (At 20.28-31). Qual sua
motivação e intentos ao fazer algo que julgas ser para Deus? O que causou a
morte de Safira e Ananias não foi o fato de esconderem o valor e suas
próriedades ou bens, mas, o que e como intentaram em seus corações ao
depositarem a oferta.
Merece ser
especialmente destacado para os alunos que Satanás sabe como enganar a mente e
o coração dos membros da Igreja, e como os manipular de modo que sigam suas
ordens, mesmo sendo cristãos sinceros (Ef 6.5-9). Devemos ter em mente que
Ananias e Safira não foram condenados por roubar dinheiro de Deus, mas sim pela
mentira arquitetada em seus corações. Eles não tinham obrigação alguma de
ofertar qualquer valor pela propriedade vendida (At 5.4). A origem de seu
pecado se deu pelo desejo de reconhecimento (At 5.4, 9), um pecado que,
infelizmente, lhes custou a vida (Tg 1.15).
1.2.
A palavra de juízo
A Igreja vivia
um altíssimo nível espiritual naquele tempo e qualquer pessoa que fizesse parte
dela não conseguiria participar da comunhão por muito tempo sem que sua
falsidade fosse percebida. A intervenção poderosa de Pedro condenou a raiz do
pecado e manifestou um dom pouco ativado pelos cristãos em nossos dias: o dom
de discernir os espíritos, que é a habilidade ou capacidade, dada por Deus, de
se reconhecer a identidade, a personalidade e a condição dos espíritos em suas
diferentes manifestações ou atividades. Ananias e Safira teriam se tornado
pessoas influentes dentro da Igreja, caso Pedro não discernisse e a palavra de
juízo os julgasse (ICo 12.1-11; lJo 4.1).
Comunique aos
alunos que Pedro tinha o dom de discernimento espiritual. Ele foi informado
pelo Espírito Santo que Ananias e Safira estavam mentindo. As palavras do
apóstolo Pedro deixam bem claro que Ananias tinha completa liberdade para
conservar ou vender sua propriedade conforme bem entendesse. Seu pecado se
achava na sua mentira ao Espírito Santo e consistia, assim, não em dar uma mera
parte do preço ao fundo comum, mas, sim, em alegar que o dinheiro representava
a totalidade e não apenas parte do preço da propriedade. Nem sequer se tratava
apenas de procurar enganar os líderes humanos da Igreja. Os líderes eram homens
inspirados pelo Espírito e, portanto, eram os representantes de Deus.
1.3.
A providência divina
Enquanto os
ataques do inimigo forem externos, a Igreja estará segura, mas, quando estes
penetrarem em seu seio, esta ação deve ser cortada. A Igreja foi comprada com o
precioso sangue de Jesus e o zelo de Deus está sobre ela (At 20.28; Ef 5.25).
Satanás tem por finalidade destruí-la ou enfraquecê-la com sua mentira, porque
uma Igreja sem poder é apenas mais uma religião no mundo (Jo 8.44; 10.10). Três
qualidades distinguem a Igreja e, por isso, é vítima dos ataques inimigos. Primeiro,
ela é coluna e baluarte da verdade (lTm 3.15), por isso é atacada com as
mentiras de Satanás. Em segundo lugar, a Igreja é o templo de Deus, onde Ele
habita (ICo 3.16), por isso, ele deseja se mudar para dentro dela para roubar
sua perfeição. Por último, a Igreja é o exército de Deus e Satanás procura se
infiltrar nela para seduzir o maior número possível de traidores (2Tm 2.1-5).
Explique para os
alunos que este capítulo descreve um exemplo do julgamento pessoal de Deus (Hb
10.30, 31). Se Ananias e Safira tivessem julgado o próprio pecado, não teriam
sofrido o julgamento de Deus (ICo 11.31). No entanto, ao concordarem em mentir,
Deus teve de lidar seriamente com eles.
2
Uma cultura orgulhosa e materialista
A nova vida
produzida pelo Espírito Santo capacitava os primeiros cristãos a viver em
comunhão e a dividir seus bens para suprir a necessidade dos menos favorecidos.
Esta atitude desafiava o espírito ambicioso dos moradores de Jerusalém, lugar
onde o Espírito Santo imprimia em cada cristão um modelo de Cristo (ICo 11.1).
2.1.
Uma cultura arrogante
Na época do
derramamento do Espírito, Roma estava no poder e disseminava uma cultura de
orgulho, arrogância e materialismo, onde os oprimidos, as viúvas, órfãos e os
pobres não tinham vez (SI 9.6). Por toda a extensão do império, encontravam-se
monumentos e palácios que foram construídos para os heróis de guerra. Porém,
não havia qualquer preocupação com os pobres (SI 9.18). Do lado judeu, a cobiça
e o orgulho também predominavam. Os líderes religiosos se inclinavam para a
aquisição das riquezas e de propriedades (Ec 5.10; lTm 6.10). Enquanto isso os
fariseus viviam de artimanhas legais para roubar as casas das viúvas. Assim, os
órfãos eram abandonados e os desabrigados sofriam ofensas.
Esclareça para
os alunos que a classe trabalhista era sabotada no salário. Não havia mais
justiça, nem temor a Deus. Por todo Israel, a atitude predominante era a
seguinte: “Cada um por si”. Não havia satisfação porque cobiçosamente se
desejava mais e mais.
2.2.
Pregando sem palavras
Durante centenas
de anos, os pobres haviam sido desprezados, mas, de repente, o Espírito Santo
soprou uma qualidade de vida contagiante, onde as pessoas vendiam propriedades,
compartilhavam suas alegrias e tinham tudo em comum (At 2.43-46). O mundo
presenciou o surgimento de crentes que amavam uns aos outros, eram cheios de
poder, não estavam presos a bens materiais e se preocupavam com os
necessitados. O Espírito Santo queria que eles fossem uma carta lida, um teste
munho vivo do amor de Deus para o mundo (2Co 3.2). Eles pregavam sem palavras,
com atos.
Não esqueça de
ressaltar para os alunos que foi exatamente esse clima que Ananias e Safira
tentaram sabotar. Não custa entender porqut perderam a vida. A aparente
generosidade de Ananias não foi um ato de fé. Ananias não agiu licitamente,
pelo que inclui o verbo grego (nosphizomai) traduzido por reter (At 5.2, 3).
Informe aos alunos que esse verbo no Novo Testamento só aparece aqui e em Tito
2.10 (traduzido por defraudar). “Reter” aqui é no sentido de “subtrair”. Esse
mesmo verbo aparece em Josué 7.1, na Septuaginta, quando Acã tomou do “anátema”
de Jericó.
2.3.
Servindo com reservas
Muitas pessoas
servem a Deus com reservas, não permitindo que o Senhor preencha as áreas
escuras de suas almas. Ananias e Safira não foram punidos por causa de um
pedaço físico de terra, o juízo tem a ver com o território interno dos seus
corações. Eles se rebelaram contra a verdade. Acreditaram que podiam servir a
Deus e estar agarrados a alguma coisa. Pedro afirma que mentiram ao Espírito
Santo (At 5.3). A ganância em seus corações foi a chave que deu acesso legal à
entrada de Satanás e, com obstinada desobediência, permitiram que o inimigo
enchesse seus corações (Pv 26.2; Ef 4.7).
É extremamente
importante lembrar aos alunos que o preço de uma vida triunfante não é pequeno.
Significa sujeitar a vida totalmente à Palavra de Deus, não deixando mais
nenhum lugar escuro, nenhuma luxúria oculta ou rebelião. Não devemos dar espaço
para Satanás entrar porque é tudo o que ele precisa para ganhar o direito de
entrar e estabelecer uma base poderosa em nossos corações (Tg 4.7; IPe 2.13).
3
Lições de um juízo inesperado
O testemunho que
se espalhou por toda Jerusalém é a mensagem que o Espírito Santo desejava
disseminar em todo o mundo. Somente o poder de Deus poderia suplantar aquele
espírito de materialismo que há séculos asfixiava Israel.
3.1.
Juízo em tempo de graça
Algumas pessoas
confundem período de graça com ausência de santidade divina. Embora não sejam
comuns tais juízos, Deus ainda os executa em nossos dias. Ninguém, exceto Deus,
conheceu o que havia de tão horrendo no coração de Ananias e Safira. Todavia,
não há dúvidas de que eles mexeram em casa de maribondo quando tentaram enganar
a todos, inclusive a Deus (At 5.3, 4). Ananias significa “Deus é cheio de
graça”, mas ele descobriu que Deus também é santo. Safira significa “bela”, mas
o pecado tornou seu coração repugnante. Um avivamento não nos isenta de ter no
seio da Igreja pessoas com essa estirpe.
Explique para os
alunos que, em tempos de grande avivamento, a presença de Deus é real e quando
essa presença é real pode tanto salvar quanto matar (2Sm 6.6, 7). Ressalte para
eles que, no mesmo lugar que se produzia a vida, Ananias e Safira encontraram a
morte. Assim como Nadabe, Abiú e Uzá, eles foram irreverentes e a presença de
Deus para eles agiu como juízo em vez de graça (Lv 10.1-5; lCr 13.9, 10).
3.2.
O temor do Senhor
Vivemos tempos
difíceis onde as pessoas misturam o santo com o profano, onde tudo é muito
comum. Tempos em que se vive uma graça sem responsabilidade, onde o temor a
Deus parece não fazer parte da vida de muitos cristãos. O que o Espírito Santo
está tentando nos comunicar com o juízo sobre esse casal? Será que sabemos o
que significa temor? Temor não é medo, é respeito, reverência! Eles tentaram
enganar a Deus como se Deus fosse uma pessoa qualquer! Eles não precisavam dar
nada, a propriedade lhes pertencia. Também não precisavam forjar valores. Era
somente dizer: “eu quero dar isso!” Morreram por querer aparentar ser o que não
eram. Por isso, eles se tornaram exemplo para que todos vissem o quanto Deus é
santo (Jó 28.28; Pv 1.7; 10.27).
Explique para os
alunos que o motivo da ira de Deus se encontra nos versículos 3 e 4 - eles
mentiram ao Senhor! Ananias e Safira venderam um terreno e afirmaram que
ofertaram o valor total da venda para ajudar os irmãos pobres. Eles queriam
parecer pessoas generosas, mas, ao mesmo tempo, queriam ficar com uma parte do
dinheiro. Decidiram mentir, dizendo que sua oferta foi o valor integral da
venda do terreno. Reforce para eles que Deus não obrigou ninguém a vender
terras ou a dar o valor total de suas propriedades. Pedro reconheceu o direito
de Ananias e Safira de ficar com o seu terreno: “Conservando-o, porventura, não
seria teu?” (At 5.4). Uma vez que decidiram vender, não foram obrigados a doar
o valor total. Pedro acrescentou: “E, vendido, não estaria em teu poder?” (At
5.4). Ananias e Safira queriam o “crédito” por uma doação generosa, sem o
sacrifício de perder todo o valor do terreno. Mentiram para Deus e para os
homens e foram cobrados por essa infeliz atitude!
3.3.
Ananias e Safira foram salvos?
Em vez de fama e
sucesso, alcançaram a vergonha e o fracasso. A irreverência matou Ananias e
Safira. No entanto, o grande questionamento é se foram ou não salvos. Segundo o
que as Escrituras nos informam, poderíamos acreditar que não (ICo 6.9, 10; Ap
22.15). Todavia, o que convém é entendermos que Deus é soberano e não precisa
dar explicação de Seus atos. Somente Ele viu realmente o que havia em seus
corações e se agiu dessa forma é porque viu muito mais além daquilo que vemos
(Jr 17.10).
Esclareça para
os alunos que Pedro também lhes deu a oportunidade de dizer a verdade, ele
apenas condenou a mentira. Entretanto, foi o Espírito de Deus que executou o
julgamento (At 5.4-11; Gl 6.7). Ananias e Safira esperavam dar um pouco a Deus
e receber crédito por muito. O seu esquema era desonesto e o julgamento de Deus
foi rápido e severo. Não precisavam terminar dessa maneira. Esse é o preço da
hipocrisia e da insensatez.
Conclusão
O juízo sobre a
vida de Ananias e Safira nos ensina que ninguém deve brincar com o Espírito
Santo, nem deixar de levar a sério a importância de se dizer a verdade. A graça
é a oportunidade para se viver retamente; o juízo é a resposta para quem se
utiliza da graça para ser desonesto.
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Escola Bíblica Dominical
Editora Betel 3º Trimestre de 2015, ano 25 nº 96 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor – SINAIS, MILAGRES E LIVRAMENTOS DO NOVO TESTAMENTO – O poder de Jesus Cristo e o segredo do sucesso apostólico.
Comentário Warren W. Wiersbe
Comentário Bíblico Matthew Henry
Enciclopédia bíblica R. N. Champlin
Bible Chronos
Escola Bíblica Dominical
Editora Betel 3º Trimestre de 2015, ano 25 nº 96 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor – SINAIS, MILAGRES E LIVRAMENTOS DO NOVO TESTAMENTO – O poder de Jesus Cristo e o segredo do sucesso apostólico.
Comentário Warren W. Wiersbe
Comentário Bíblico Matthew Henry
Enciclopédia bíblica R. N. Champlin
Bible Chronos